sexta-feira, 28 de novembro de 2008

O Governo dos Trabalhadores Rejeita os Próprios

por Carlos Chagas
Quem te viu, quem te vê... Antes da primeira eleição de Lula, tanto ele quanto o PT arvoravam-se em defensores máximos dos aposentados. Baixavam o porrete no governo Fernando Henrique por conta das tentativas de destroçar e privatizar a Previdência Social. Clamavam por reajustes honestos aos aposentados.
Pois é. Ontem, José Pimentel, ministro da Previdência Social, foi à Câmara pedir e até exigir das bancadas governistas a rejeição do projeto aprovado no Senado, de autoria de Paulo Paim, concedendo aos aposentados que recebem mais do que o salário mínimo o mesmo reajuste de 16% dado a esses.
O argumento foi de que já tiveram aumento superior à inflação, dito aumento real, e que a Previdência Social irá à falência se tiver que pagar 76 bilhões a mais, todos os anos. O inusitado nessa história de horror é que o PT concorda com o ministro em gênero, número e grau. Nem mesmo o fato de Paulo Paim pertencer ao partido altera o comportamento da bancada. Até porque o senador gaúcho é tido como a ovelha negra dos companheiros, discriminado pelo próprio presidente Lula.
O governo já criou o tal fator previdenciário, que anualmente vem diminuindo as aposentadorias acima do salário mínimo. O objetivo parece nivelar todo mundo por baixo, para que dentro de poucos anos nenhum aposentado, fora os privilegiados, receba mais do que essa merreca. É bom não esquecer a Constituição, dispondo o salário mínimo como bastante para o trabalhador e sua família enfrentarem despesas de habitação, alimentação, vestuário, educação, saúde, transporte e até lazer. Vá alguém tentar sobreviver, ainda mais acompanhado de mulher e filhos, com 415 reais por mês...
O que salta aos olhos é a indiferença do governo dos trabalhadores para com os próprios. Nem mesmo trata-se do governo dos metalúrgicos, melhor aquinhoados salarialmente, porque de nenhuma iniciativa oficial se tem notícia diante das demissões em massa já iniciadas no setor automobilístico, por conta da crise econômica.
Aguarda-se a palavra da Câmara, por certo deixada para as calendas, mas o grave é verificar como mudaram Lula e o PT, apesar da farta propaganda oficial. E quanto a prever a falência da Previdência Social, é a mesma cantilena dos tempos do sociólogo e até anteriores. Waldir Pires, quando ministro de José Sarney, e Antônio Brito, nos tempos de Itamar Franco, demonstraram que dava lucro.

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